Os Orixás são
divindades africanas relacionadas com todas as forças da natureza que regem a
existência da humanidade.
Alguns são
seres primordiais; outros são vistos como ancestrais divinizados dos clãs
africanos. Longe de se parecerem com os santos católicos que um sincretismo
arcaico insiste em manter, eles revelam e se mostram com características
humanas como emoções, vontades e tendências diversas.
Em África,
cada Orixá estava ligado a uma cidade ou nação, e os seus cultos eram regionais
ou de apenas uma comunidade. No curso de suas migrações, os orixás “viajaram”
para diversas regiões dentro da própria África.
Quando o
africano era transportado para o Brasil, o orixá tomava um caráter individual,
ligado à sorte do ser escravizado que se encontrava separado do seu grupo
familiar de origem.
Embora o
tráfico de escravos tenha sido um fator de desagregração étnica, foi
responsável pela construção e resignificação de novas entidades e tradições no
Novo Mundo, criando uma teia de alianças. Os Orixás que, na África, pertenciam
a localidades e grupos étnicos diferentes, passaram a se concentrar num único
território.
O
conhecimento dos Orixás – de suas energias e rituais -, sempre foi transmitido
pela tradição oral, não existindo qualquer tipo de registro escrito. As
histórias sempre foram relembradas, selecionadas e contadas pelos anciões e
sacerdotes legitimados pelos grupos locais.
Os seus mitos
oferecem uma formação ético-moral importante, que movimenta o mundo, funcionando,
então, como uma referência de valores para a vida terrena, onde o Ayê e o Orún
se relacionam e se completam.
Diferente das
religiões monoteístas – judaísmo, cristianismo, islamismo, cujas
características comuns são regras impostas por seus livros sagrados – a
religião de matriz africana, a religião dos Orixás, fornece um corpo ético que
contém em si toda uma lógica que elucida e fornece ao homem, o seu projeto
mítico-social.
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