segunda-feira

Cosme e Damião, haja Carurú!


Em dia de São Cosme e São Damião, dez entre dez conversas tratam de caruru. E se tornou hábito histórico chamar de caruru o verdadeiro banquete feito para louvar os santos gêmeos.
E se engana quem pensa que eles são meros coadjuvantes. Cada elemento tem sua simbologia e sua razão de estar no prato do caruru chamado “de preceito”, como explica o chef Elmo Alves, do Senac.
“O nome caruru ficou pela popularidade do prato feito com quiabo, mas todos os elementos têm o mesmo valor porque cada um deles é uma oferenda para um orixá diferente e Cosme e Damião são considerados os filhos de todos os orixás”, explica o chef, que também é historiador e iniciado no candomblé.
Família – O caruru propriamente dito é feito para agradar a Xangô; o feijão-fradinho e o inhame são comidas de Ogum e o feijão-preto ou a pipoca fazem referência a Obaluaê. O “ajeum” (algo equivalente a banquete, em iorubá) ainda inclui milho branco para Oxalá, farofa amarela e xinxim de frango para Exu e banana frita para Oxumarê.
Para Cosme e Damião, os ibejis (crianças), a iguaria é a rapadura (confira receita de uma à base de leite, que pode ser feita em casa). Balas e bombons também são bem-vindos e podem ser servidos no prato (folha de bananeira está incluída nessa definição) ou separadamente.
Se o objetivo for mesmo agradar às entidades do culto afro-religioso, é importante ficar atento ao preparo da comida, que também segue seus rituais.
“O tempero básico dessas iguarias é camarão e cebola, não pode ser hipercondimentado. Não leva nem alho”, explica.
“O corte do quiabo deve ser em cruz e do fundo para a cabeça. O milho branco e a pipoca não levam sal e a banana-da-terra tem de ser frita no óleo, não no azeite. O feijão-branco também não pode ser feito com azeite-de- dendê e sim azeite de oliva”, acrescenta.
Vale a intenção - Se alguém acabou de descobrir que não está seguindo à risca essas recomendações, não precisa temer pela autenticidade de sua devoção aos santos protetores dos médicos e das crianças.
Pelo menos é assim que pensa o chef, que se apóia em seu conhecimento como historiador. “A rigor, não tem nem lógica essa transfiguração de Cosme e Damião como crianças, porque eles morreram adultos, médicos e convertidos ao cristianismo”, ensina Elmo Alves.
“Então, o que faz da comida uma oferenda para os erês é a intenção com que a pessoa faz. O mais importante é que seja distribuído de graça, espontaneamente e sem preconceito”, ressalva. “O que importa mesmo é a energia que você disponibiliza”, acrescenta.
Nota: Sábado,27 de setembro foi comemorado o dia de São Cosme e Damião, gostaram das informações? Agradecemos ao chef Elmo Chaves e sua equipe. Desejamos muita saúde e muito sucesso a êles!
Axé

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