domingo

Sexta-Feira da PAIXÃO!

Bom dia!
Sou de um tempo, que neste dia, tudo era em silêncio, de um silêncio enervante.
A casa não era varrida, o Rádio Am, só colocava músicas sacras (católicas), em que o sino da Igreja Matriz, badalava nas horas cheias: a alvorada, as 6 horas da manhã, ao meio dia, seis horas da tarde e a gente esperava, com ansiedade, as badaladas da meia noite.
Porém, o cheiro da cozinha bulia com nossa fome, temperos no ar, copos tilintando, o vinho ouro marcando o vidro, o azeite fervendo na panela de ferro.
O sagú borbulhando na panela, enebriava nossos sentidos de olfato, raposas à espreita.
E nós, gurizada medonha, ( sorrisos disfarçados, sem gargalhadas) soltos no pátio, no quarto, onde desse, costurando com roupas velhas e palhas, o "judas", sim, esperávamos a meia noite porque anunciava o novo dia.
E ele vinha, triunfante, o sábado de"aleluias", ora, e os pitocos no cocoruto, quem não levou?
Me dou conta, o chocolate era jóia rara, quase impossível de se encontrar, mas, nas moitas, debaixo das camas, depois da "malhação", a peregrinação, o suor, a cantoria voltava e aos poucos, encontrava os ovos cozidos, de Ema, pintados com esmero, pela mão das nossas mais velhas, hum,hum, sinto o gosto, agora...e o pão recheado com carne vermelha (de ovelha), que hoje entendo, representava a fartura!
Desejo então, para todas (os) da Comunidade Tradicional de Terreiro e aos cristãos, um excelente romper de "muitas e fartas aleluias"!
Axé!
Iyá Klau de Sapatá

Nenhum comentário: