“ e os Orixás vão para a
guerra “
A história
oral dos nossos antepassados, relata, que os “lados”, “bacias”, ou “goas”, dos
quais somos afiliados, nos remete aos grupos tribais, dos quais vem a nossa
identidade ou origem étnica.
Ou seja, cada
lado, corresponde teoricamente, as formas do ritual diverso, os quais
praticamos em nossos terreiros e Ylês.
Oió, Jexá,
(Ijexá, denominação oficial da tribo), Jéjo (Jêje), Nagô, Cambíni ou Cambina
(denominação de Cabinda, hoje país em África) e muito raro, a denominação de
“maçambique”, e “oiá”, na região do litoral norte.
Tradição
A Semana
Santa (católica), é uma época em que as casas do Batuque suspendem sua
atividade ritual, atendendo no máximo a casos graves de doenças. Existem, por
outro lado, casas que suspendem totalmente suas atividades durante a Quaresma.
Dizia uma das
mais velhas da minha tradição: “ filha, só não mando para a guerra, o Bará
de dentro de casa, o veio casmurro (Avagã, Ogum) e o Lodê, porque aí, quem ia
nos defender em caso de demanda? “
Então, esta
solenidade “ os orixás vão para a guerra
“, era efetuada no sábado anterior à Semana Santa, pequeno toque de tambor
e cânticos (rezas) que provocavam a chegada de muitos orixás, e a eles, eram
dados sacos de pano com grãos alimentícios crus, farinhas, para que se
alimentassem, para ajudar “Xapanã (o Oxalá de quarta-feira), que está
apanhando”.
Durante a semana,
apenas uma vela acesa no “pejí ou Pará” e no sábado (de aleluia), a partir da
alvorada (6horas) eram arriadas as “frentes” para todos os que participaram da
guerra , após, limpeza em todos os filhos e filhas da casa, os Orixás chegavam,
tambor soando forte, alimentos, frutas, doces variados e balas de mel, e a
partir das dez horas da manhã, a festa estava completa.
Na despedida,
fitas roxas amarradas em todos os pulsos, molhadas no “mioró”, macerado de
folhas colhidas ao romper do dia, sinalizando que esta etapa estava cumprida.
Naquela
época, como hoje, era a maneira de sinalizar para os iniciados e para a
vizinhança (católica), que o nosso rito tinha seus preceitos, e que mesmo sendo
esquecidos e ocultos, exigia e ainda exigimos: respeito!
Iyá Klau de Sapatá
" Somos a Memória que não se cala "
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