Cerca de 10% das usuárias estavam grávidas
no momento da entrevista. Quase 30% admitiram haver se prostituído por causa da
droga.
No universo de 370 mil usuários de crack das capitais e regiões
metropolitanas do Brasil, 21,3% são mulheres. A ministra Eleonora Menicucci, da
Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR),
ao analisar o dado – que faz parte da pesquisa "Perfil dos Usuários de Crack
e/ou Similares no Brasil", divulgada pelos ministérios da Justiça e da
Saúde – ressaltou sua importância pois, "pela primeira vez é explicitada a
percentagem de usuárias em um estudo. Isso possibilitará ao governo definir as
ações específicas para combater esse problema".
O estudo foi divulgado, nessa quinta-feira (19/09), em Brasília.
Pela SPM, estiveram presentes a secretária-adjunta de Enfrentamento à Violência
contra as Mulheres da SPM, Rosangela Rigo, e a coordenadora-geral de Acesso à
Justiça e Combate à Violência, Aline Yamamoto.
O levantamento aponta que 29,9% das usuárias admitiram ter se
prostituído em troca da droga ou de dinheiro e que 44,5% sofreram violência
sexual em algum momento da sua vida. Dos 370 mil usuários, 29,2% disseram que a
violência sexual, a perda afetiva ou problemas familiares os levaram ao uso de
crack ou similares.
Gravidez – Cerca de 10% das usuárias de crack ou
similares relataram estar grávidas no momento da entrevista e mais da metade já
havia engravidado ao menos uma vez desde que iniciou o uso. Isso foi
considerado preocupante pelos pesquisadores, devido às consequências
importantes do consumo da droga durante a gestação sobre o desenvolvimento
neurológico e intelectual das crianças expostas.
HIV – Mais de um terço do total de usuários
(39,5%) informaram não ter usado o preservativo em nenhuma das relações sexuais
vaginais, no mês anterior à entrevista. Apesar da evidente exposição ao risco,
mais da metade (53,9%) afirmou nunca ter realizado teste para HIV. Nos municípios
que não as capitais, essa proporção é ainda maior, chegando a 65,9% de não
testagem.
A pesquisa foi encomendada pela Secretaria Nacional de Políticas
Sobre Drogas (Senad) à Fiocruz. Para coletar os dados, cerca de 500
profissionais, como pesquisadores, assistentes sociais e psicólogos, foram a
locais usados para consumo da droga, mapeados com ajuda de fontes locais –
secretarias de Saúde, Assistência Social e Segurança, além de organizações
não-governamentais e lideranças comunitárias. As equipes entrevistaram 7.381
usuários de crack, em 112 municípios de portes variados – incluindo todas as
capitais brasileiras. Eles foram entrevistados entre novembro de 2011 e junho
de 2013.
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