sábado

Fabiúla Martins, de Yemanjá!

Compartilho para reafirmar, este espaço é nosso!

Ótimo texto, Iyá Klau
Concordo plenamente com a senhora, não é a religião que deve se adequar as pessoas, mas sim nós que temos que nos adaptarmos a ela. A invenção e os modismos acabam por desestruturar o nosso culto, porque o descaracteriza fazendo com que muitas coisas se percam, além de nos enfraquecer como grupo. Perde- se muito tempo discutindo diferenças e “marmotagens” que se proliferam por aí e poucos se preocupam em ir ao cerne das questões que realmente interessam ao povo de axé, como visibilidade e respeito aos nossos direitos, preocupação ambiental e perpetuação da nossa história.
Nossa religião é coletiva, faz parte do âmago do africanismo a ancestralidade, a família, a raiz. Não para arrotar descendência, como vejo muitos fazerem, mas porque para nós esse sentido de linhagem, denota caminho, sequência de algo muito maior, que é o que cultuamos, os nossos Orixás. E isso não se aprende sozinho, ninguém se faz sozinho ou na mentira . Mas hoje todos querem ser pais, não aceitam se subordinar ( o que é bem diferente de submissão), querem ensinar aquilo que não tiveram paciência para aprender...
Evolução aceitável é sair do chão batido para um soalho de madeira ou cerâmica, poder bater os tambores às vinte horas ao invés da meia noite, poder sair na rua de axó sem ser apedrejado ( o que é comum na região de POA, mas que no interior é quase um ato criminoso perante a sociedade preconceituosa)...
Evolução é ver o povo de axé discutindo a relevância da sabedoria ancestral que nós carregamos e sua aplicação em benefício de toda a sociedade, é usarmos como a senhora diz, do nosso axé de fala e deixar saltar de dentro nos nossos terreiros a força calada e abafada por tanto tempo de intolerância.
Mas tudo que estiver da porta de nossos pegis para dentro, das nossas esferas ou tronqueiras de Quimbanda, está ali para ser perpetuado, mantido da forma mais original possível, nossos fundamentos, nossas tradições, ou corremos o risco de perdermos nossa identidade enquanto segmento religioso, para virarmos folclore, exotismo, espetáculo cultural atraente aos olhos, mas raso de significado.
Obrigada pela oportunidade de reflexão e que os Orixás e nossos ancestrais nos abençoem-nos com muita força e saúde
Abração
Fabiula de Yemonja
24 de agosto de 2013 08:45
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