domingo

Quando o preconceito nega proteção às crianças *


"A julgar pelo andar da carruagem o Brasil caminha para tornar-se o país campeão em hipocrisia.
No ano da realização da da 1a. Conferência Nacional GLBT (agora LGBT) – a primeira no mundo a ser realizada por órgão de governo e um marco histórico na busca de direitos iguais para uma minoria significativa da população, formada por Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – o Congresso Nacional analisa e aprova a Lei de Adoção,
instrumento de extrema importância e necessidade para regular a acabar de vez com o abandono infantil reinante neste nosso país de dimensões continentais, deixando de fora – por acordo – a população LGBT que, mais uma vez – e na contramão da jurisprudência amplamente firmada nacionalmente – deixa de ter o direito de adoção regulamentado e firmado em lei.


Isso poderia “até” ser compreendido historicamente, se atingisse apenas a população LGBT – alvo atual e prioritário dos reacionários de plantão.


O fato é que esta decisão – tomada no Legislativo, mas com reflexo em todas as esferas, inclusive judiciais – afeta diretamente a população infantil abandonada, a quem nossos eminentes representantes negaram o direito à proteção, à infância assistida, à educação, à saúde, ao amor e a um futuro digno.


Ao negarem a estas crianças o direito a um lar de estrutura diversa, negaram também ao país o direito ao respeito e à auto-estima, à compreensão de que diferenças existem e podem ser positivas, negaram o direito constitucional à laicidade do estado, já que este “acordo de cavalheiros” que possibilitou a aprovação da lei foi mais uma vez provocado por representantes legislativos do “povo de Deus” - as igrejas evangélicas amplamente fixada nas cadeiras do Congresso Nacional.


O estado mais uma vez dobra os joelhos para o poder destas igrejas e retira destes falsos messias a responsabilidade pela decisão, dividindo com eles o equívoco da aprovação de uma lei capenga.


Afirmaram todos os congressistas que contribuíram para a realização deste “acordo” que pode-se passar por cima de princípios constitucionais – o da igualdade, o da solidaderiedade, o da ampla assistência, o da laicidade do estado – para não contrariar a vontade deste quarto poder constituído.


Os mais prejudicados pela decisão foram inequivocamente aqueles a quem a Lei buscava proteger: meninos e meninas de quem a possibilidade de um lar e de uma estrutura familiar foi retirada, crianças que serão mantidas em “depósitos de gente” mal estruturados, ou pior, crianças que ficarão na rua, sofrendo privação e abandono, sem alimentação decente, sem educação decente, sem saúde, sem carinho, sem amor, sem família, expostas a todo tipo de privação, exploração e abuso.


Hipocrisia é o termo certo para definir a decisão tomada. Hipocrisia e preconceito que negam à nossa infância proteção mínima e transformam o país do futuro, num país completamente sem futuro!"
*Ana Naiara Malavolta, militante e direção de Base do Sintrajufe/Rs.
Nota: Agradecemos o envio desta nota que reproduzimos aqui.
Abaixo a Homofobia.
" O Povo de Santo está de olho!"

Nenhum comentário: