quinta-feira

FUXICO DE TERREIRO.... sua razão, sua raíz!


Navegantes segue aí os motivos e os fundamentos da nossa existência! Espero que saciem sua curiosidade!
Uma boa leitura !

1. Resgate do culto de matriz africana, fazendo com que não se percam suas tradições e seus princípios.
2. Identificar o "sagrado" com o dia-a-dia na vida de cada um, fora do espaço de culto.
3. Registro e documentação das tradições para as gerações futuras.
4. Recolher dos encontros mensais experiências, fotos, músicas e textos, a fim de produzir documentários em áudio e vídeo com o registro histórico do "Fuxico de Terreiro".
5. Incentivar a regularização e visibilidade de Ilês e Terreiros (as) e Casas de Nação na cidade. ( Alvorada, RS )
6. Incentivar a elaboração de um Censo Municipal das Casas de Religião de Matriz Africana, juntamente com a Fundação Palmares e os governos Municipal e Estadual.
7. Resgatar a memória, do Centro de Umbanda Fé, Esperança e Caridade, fundado em 1957,
na cidade de Arroio Grande, Rs.

"Fuxico de Terreiro" tem no seu significado mais amplo, "o fazer, realizar amizade muito estreita, namoro descarado, realizado ao ar livre, onde há folguedos e cantos de desafio
(samba de roda) -local onde acontecem danças e cantos ao som do tambor".
Num passado recente, " Fuxico " ou " Fuxico de (no) Terreiro" mais ou menos cinqüenta anos, era o espaço dos encontros semanais, quinzenais ou mensais, nos Terreiros de Batuque e Ilês, nas Casas de Umbanda, onde o Babalaú ou Babalôa, Yalorixá, Mãe-de-Santo, ou ainda Diretora Espiritual, reunia filhos, sobrinhos, netos, afilhados e simpatizantes que estavam se aproximando do "ritual" para narrar histórias, ensinar riscados, ensaiar cânticos e rezas, pontos, bordados e ensaiar a "tirada" de axés (chamada da Santeria).

Na Casa Principal, da mais velha ou mais velho, a que representava na hierarquia a " matriarca", " madrinha", se reunia aos sábados ou aos domingos, após o meio-dia até o cair da noite.

Cada participante ou cada família trazia um prato de salgado ou doce, caprichado, enrolado em papel celofane, quase sempre na cor do Orixá principal da "bacia" do convidado ou de quem recebia a visita, e repartiam entre todos, os sabores da cozinha bem feita, com muito axé!

Discutiam assuntos os mais variados, desde o calendário de atividades anual da família batuqueira, festas pequenas "as quinzenas", as festas populares, as da Igreja Católica do povoado, bem como a festa do calendário principal;
confeccionavam roupas, "achós", bordados, as armas de cada Orixá, ou " ferramentas" e, principalmente, decidiam quem seria o representante do Terreiro para as "festas brasileiras".

Esta atividade foi rareando e hoje, na modernidade do século XXI, são raros os Ilês que mantém este preceito de tradição e raiz.

No nosso ramo Jejé-Ijexá, Araxá de Olocum, matriz e descendência de Célia de Oyá Funiqué e Nélson de Xangô Aganju Deí, ainda preservamos este hábito da troca de energia entre aqueles que conosco comungam a "matriz africana", nem sempre afro-descendente, mas sempre "batuqueiro".

Em Alvorada, desde 1997, resolvemos então colocar no papel e na academia, aquilo que fazemos no nosso dia-a-dia!
Para assim proceder e concretizar:

A -Valorização da cultura afro-descendente através do reconhecimento da religião como patrimônio cultural e realização do registro histórico dos seus componentes para as gerações futuras.

B - Desmistificação da cultura afro-descendente, religião, tradições, música, dança, resgatando a verdadeira identidade do povo brasileiro através da explicitação de suas raízes e origens. Entre outras coisas, espera-se com isto, senão o fim, a diminuição do preconceito racial e religioso haja vista que a intolerância muitas vezes é fruto da falta de conhecimento.

C -Geração de trabalho e renda através da qualificação das pessoas que trabalham com o ritual como, por exemplo, os tamboreiros e as que se dedicam à feitura dos pratos típicos, bem como as bordareiras, costureiras, ervateiras.

Objetivos do nosso Projeto:

1. Realizar encontros mensais, na cidade de Alvorada e Região Metropolitana, com os religiosos de matriz africana e simpatizantes, com o propósito de fortalecer a identidade cultural e de resistência do nosso Ritual.
2
. Partilhar textos, leis, pesquisas, documentários, vídeos e áudios com o coletivo no encontro mensal.
3. Organizar agendas com convidados para troca de saberes universais, preferencialmente aqueles que possuem monografias, teses e livros, publicados ou não, sobre a ancestralidade.
4. Incentivar e organizar uma "corimba" com a participação da sabedoria dos mais velhos, sem nunca desprezar os mais novos, para apresentação interna e externa.
5. Resgatar a sabedoria ancestral, a oralidade dos nossos antepassados, quando for possível, através de depoimentos, fotos, objetos de culto.
6. Registrar e documentar "sambas-de-roda", pontos e axés de Nação e no RS, pesquisar a tradição " Nagô " - Umbanda Cruzada.
7. Consolidar e divulgar a marca " Fuxico de Terreiro" , como espaço coletivo de socialização, inclusão racial, na defesa dos direitos das mulheres negras e lésbicas, contra a Lesbofobia.
8. Produzir
documentários em áudio e vídeo e editar materiais informativos com o registro histórico do "Fuxico de Terreiro".
9. Manter o espaço do Ylê Araxá de Olocum-Reino de Xapanã e Oxum, de interlocução com a comunidade em busca da sua Saúde, física, espiritual e mental.
( 1998 - na Terra de Xangô, Alvorada, Rs)

Minhas amigas e amigos, era isso por enquanto !
Aguardem .... tem mais.... estórias e história prá contar!

" Somos a Memória que não se Cala"
Axé

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